ENTRE MUNDOS IMAGINÁRIOS E VERDADES NECESSÁRIAS: QUANDO LEITURA, RESPEITO E CONSCIÊNCIA SE CONECTAM
- Samara Benvindo
- 2 de abr.
- 7 min de leitura
Atualizado: 7 de abr.
Algumas datas não são apenas marcos no calendário. São espelhos que refletem aquilo que carregamos nas palavras, nas intenções e nas histórias que escolhemos contar. O dia 02 de abril é uma dessas datas: múltiplo, simbólico, urgente — e profundamente conectado à escrita.

Falar sobre o Dia Internacional do Livro Infantil é voltar ao início — às primeiras leituras que acenderam em nós o gosto pela linguagem, o encantamento pelas palavras, a vontade de criar mundos que ainda não existiam. Um livro infantil é, quase sempre, a primeira ponte entre a criança e o mundo — entre o que se sente e o que se diz.
E o 02 de abril é também o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Um lembrete sensível de que nem todo leitor lê da mesma forma. Nem toda criança interpreta o mundo com os mesmos filtros. E justamente por isso, a representatividade e a acessibilidade importam tanto — inclusive nas narrativas que apresentamos desde cedo.
Mas se estamos falando de narrativa, estamos falando também de responsabilidade. Afinal, hoje também é o Dia do Propagandista — e o Dia Internacional da Checagem de Fatos. Em tempos de excesso de informação e ruído, escrever bem não basta: é preciso escrever com ética, apurar com cuidado e comunicar com consciência. Propagar uma ideia, uma história, um dado — tudo isso exige mais do que estilo. Exige compromisso com a verdade, com a intenção e com o impacto que nossas palavras podem causar.
As quatro celebrações de hoje podem parecer distintas — e são, em muitos aspectos. Mas há um fio invisível que as atravessa: a palavra. Palavra que informa, que acolhe, que representa, que propaga. Palavra que forma leitores e constrói mundos. Palavra que ensina a pensar, sentir e conviver. É esse fio que vamos seguir nos próximos parágrafos, conectando leitura, respeito e consciência em uma única narrativa: a da escrita com propósito.
Neste artigo, vamos costurar os quatro temas celebrados nesta data para descobrir o que eles têm em comum. E por que todos dizem tanto sobre o poder (e a responsabilidade) de quem escreve. Prepare-se para uma leitura que atravessa infância, inclusão, verdade e intenção. Porque quando o assunto é palavra… o que a gente escreve, informa. O que informa, propaga. E o que propaga, transforma.
OS CAMINHOS DESTA REFLEXÃO
LEITURA E CONSCIÊNCIA: AS HISTÓRIAS QUE NOS CONTAM — E NOS CONSTROEM
Um livro infantil não é só uma história contada com palavras simples e ilustrações encantadoras. É, muitas vezes, o primeiro contato da criança com a linguagem simbólica, com a estrutura narrativa, com o poder de dar nome ao que sente. É um convite à imaginação, mas também uma semente de entendimento sobre o mundo — e sobre si mesma.
Na infância, a leitura não forma apenas leitores. Ela forma repertório, desperta empatia, desenvolve escuta e oferece representações que acompanham o indivíduo por toda a vida. Um personagem, um conflito, uma resolução. Uma frase que gruda na memória, um desenho que faz sonhar. Tudo isso modela, silenciosamente, a forma como a criança percebe, se expressa e se comunica.
Os livros infantis desempenham um papel fundamental na formação de leitores, escritores e cidadãos.
Para quem escreve, essas primeiras leituras são mais do que lembranças afetivas: são marcos fundadores da própria voz. Quase sempre, quem escreve com intenção foi, um dia, uma criança que se encantou com o poder de um livro. Por isso, valorizar a literatura infantil é também reconhecer sua importância como berço da linguagem, da criatividade e — por que não? — da escrita com propósito.
E se a infância nos apresenta a beleza de imaginar, também é nela que precisamos aprender a incluir. A leitura não é só portal para mundos mágicos — é também espelho para quem lê. Quando se escreve com propósito, é impossível ignorar as vozes que por tanto tempo ficaram à margem das histórias.
ESCREVER PARA TODOS: A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE E DA INCLUSÃO
Escrever para todos não é uma escolha estética. É uma decisão ética. E ela começa cedo — no tipo de personagens que colocamos nas histórias, nas experiências que escolhemos contar e na maneira como abrimos espaço para diferentes formas de ver, viver e sentir o mundo.
O Dia Mundial da Conscientização do Autismo nos convida a pensar além dos diagnósticos. Ele nos chama a escutar outras vozes. Outras leituras do mundo. Outras formas de construir significado. E, na literatura infantil, essa escuta pode ser revolucionária. Porque incluir desde a infância é permitir que crianças neurodivergentes se vejam nas histórias — e que as neurotípicas aprendam a enxergar o outro com empatia e naturalidade.
A neurodiversidade e o respeito às diferentes formas de pensar e sentir precisam estar presentes na literatura — desde as primeiras páginas da infância.
A escrita, quando acessível e representativa, tem o poder de criar pontes onde antes havia muros. E isso vale para quem lê, mas também para quem escreve. Porque a inclusão também se manifesta na linguagem, no ritmo, na estrutura. Um texto que respeita diferentes formas de processamento, compreensão e sensibilidade é um texto que acolhe — e transforma.
E como toda palavra tem poder de alcance, é hora de lembrar: aquilo que escrevemos se propaga. E tudo que se propaga… comunica.
PROPAGAR IDEIAS É UM ATO DE RESPONSABILIDADE
A palavra “propagandista” carrega, em muitos contextos, um certo ruído. Mas, na origem, ela se refere àquele que propaga. Que espalha. Que faz com que uma mensagem vá além do emissor e alcance, de fato, o outro.E quando falamos de escrita, estamos falando exatamente disso: a propagação de ideias, de valores, de mundos possíveis.
No Dia do Propagandista, vale a pena lembrar que todo escritor é também um propagador. Seja de histórias, de conhecimento, de sensações ou de perspectivas. E isso exige consciência. Porque não há neutralidade na palavra: toda escrita carrega uma intenção, ainda que o autor não se dê conta dela.
Escritores, comunicadores e criadores de conteúdo sempre podem aprender com o olhar ético do propagandista.
Escrever não é só um gesto individual. É um ato coletivo. Uma vez publicada, a palavra se espalha — e passa a viver em outras mentes, outras leituras, outros contextos. Por isso, é essencial entender o impacto daquilo que propagamos.
Inspirar é lindo. Influenciar, poderoso. Mas propagar com ética — esse é o verdadeiro diferencial. Nenhuma mensagem resiste ao tempo se não estiver firmada naquilo que a sustenta: a verdade.
VERDADES QUE PRECISAM SER BEM DITAS — E BEM ESCRITAS
Se a escrita é um ato de expressão, ela também é — inevitavelmente — um ato de impacto. Em tempos de hiperinformação, compartilhamento instantâneo e algoritmos que premiam a velocidade mais do que a precisão, escrever com responsabilidade tornou-se não apenas desejável, mas urgente.
O Dia Internacional da Checagem de Fatos nos relembra algo essencial: a informação é uma matéria-prima poderosa demais para ser usada de qualquer forma. Quem escreve — seja um artigo, uma legenda ou um argumento — precisa reconhecer que o leitor pode confiar naquela palavra. E confiança, nesse contexto, não é um adorno: é base.
Isso vale para propagandistas, jornalistas, roteiristas, professores, escritores, produtores de conteúdo — e vale também para aquele que escreve um simples post com uma “opinião”. Porque opinar não é o mesmo que desinformar. E opinar com responsabilidade requer o mínimo: verificar o que se afirma, questionar a fonte, pensar no efeito.
O papel da checagem de fatos na construção de uma comunicação ética e responsável é essencial, especialmente em tempos de excesso de informação.
Escrever bem, hoje, não é mais suficiente. É preciso escrever com verdade. E a verdade, muitas vezes, não é absoluta — mas precisa, no mínimo, ser honesta.
LEITURA E CONSCIÊNCIA: O QUE UMA DATA PODE NOS ENSINAR SOBRE O PODER DA ESCRITA
Quando reunimos em uma mesma data o Dia Internacional do Livro Infantil, o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, o Dia do Propagandista e o Dia Internacional da Checagem de Fatos, percebemos que não é apenas uma coincidência de calendário. É um convite — quase um manifesto.
Um convite para lembrarmos que escrever é imaginar e informar; é incluir e impactar; é emocionar e também educar.
Um manifesto silencioso dizendo que a escrita não é uma ferramenta neutra. Ela é posicionamento. Ela é escolha. Ela é responsabilidade com quem lê — e com quem ainda está aprendendo a ler o mundo.
O 02 de abril nos chama a escrever com mais cuidado, com mais empatia, com mais intenção. A pensar nos leitores de agora e nos leitores do futuro. Nos pequenos leitores, nos leitores diversos, nos leitores críticos. E, acima de tudo, na potência transformadora da escrita quando ela é usada com consciência.
Porque escrever é, sim, arte. Mas também é ato. É gesto. É construção.
E quando se escreve com verdade, com sensibilidade e com propósito… a escrita não apenas ocupa espaço. Ela cria caminhos.
VAMOS FALAR MAIS SOBRE ISSO?
E você? Já parou para refletir sobre como um livro pode formar leitores, como a inclusão pode nascer das palavras e como a verdade precisa ser bem contada para ser, de fato, compreendida e propagada? Como você enxerga seu papel nesse cenário? De que forma suas escolhas, ações ou palavras podem contribuir para uma comunicação mais ética, inclusiva e consciente? Que tal abrirmos novas páginas neste diálogo?
Compartilhe nos comentários suas impressões e experiências. Que histórias te marcaram na infância? Que reflexões este artigo provocou? Vamos seguir conversando sobre leitura, respeito e consciência. Porque quando a escrita nasce com propósito, ela tem o poder de transformar quem lê — e também quem escreve.
E POR FALAR EM ESCRITA...
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*Nossa inspiração se uniu à IA DALL-E para criar os elementos da imagem que ilustra este artigo.
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